sábado, 30 de agosto de 2008

Os mortos enterram os seus mortos.


Ditos vivos, pobres de espírito,
Acanhados de alma
Num Presente maldito.
Julgados mortos, no seu sossegado jazigo
Num escuro vazio
Secreto, longínquo e impenetrável abrigo.

'Vivos' sofrem,
Mortos padecem
Onde reside a diferença
Entre a ilusória vivência
E a passada existência?

'Vidas' que escurecem
Pessoas que terminam seu prazo,
Cadáveres que apodrecem
E numa ironia erudita
Os mortos enterram os seus mortos.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

A minha sentença.



Todo o carinho e mimo,
Toda a atenção que dei,
Parece agora em vão,
Neste lugar em que a escuridão é lei
E o sofrimento,
É nossa única companhia para a solidão.
Sinto-me de rastos
E congelada pelo ódio,
Dona de tantos nojos,
Ou não fosse eu o primeiro lugar do pódio
Da categoria das atrocidades.
Sou besta,
Sou conjunto de monstruosidades,
Condenada a viver presa,
E a cumprir esta minha sentença
Sob acusação de causa nobre
Que foi ter tentado ser
O que de bom nunca nunca tive e fui.
Nunca ter passado de cadáver podre
Iludido na luz de viver.
E ainda assim vivo,
Para acatar a minha sentença
Que é ver lentamente a passagem dos dias
Á espera do meu desejo mais profundo
Esse acto belo que é morrer.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Algo me falta.



Algo me falta,
Sinto saudades daquele aroma,
Daquela relação diferente,
Dos espinhos presentes
Cravados no passado.
Recordo aquele jeito quente,
Os olhares brilhantes,
Teu toque suavizado
Os gestos inocentes.
A tua omnipresência,
Plantada na minha mente
A tua essência
Tão especial e reluzente.
Desejo que volte,
Que renasça de novo,
De novo por inteiro me complete
Com tudo o que antes sentia cá dentro.

Choro os meus medos.



Sentada
Com a cabeça apoiada sobre os joelhos,
Choro os meus medos,
Guardo os meus segredos.
Meus desejos permanecem em oculto,
Prefiro não sonhar
Porque nunca me dispo deste meu luto,
Do que acordar para novamente me despenhar.
Estou destinada a vaguear
Obscurecida por estas sombras
Que me corroem e destroem,
Por estas ideias que me moem
Que me avivam meus fantasmas.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Olhares vazios.



Olhares vazios
Corroídos pelas sombras do Passado,
Olhos sombrios,
Reflectem o pensamento assombrado.

Experiências vividas,
Muitos erros cometidos
Lições aprendidas,
Corações magoados.

A minha alma fugiu
Libertou-se deste ser amargurado
Deixou este espaço vago,
Este ser que ao sentir, nunca sentiu,
Nunca se deu por realizado.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

O erguer dos mortos.



Ergam-se os corpos,
Rebentem-se as madeiras,
Perfurem-se as terras,
Levantem-se os mortos.

Que comecem novas eras,
Que os céus fiquem sem cor,
Que se apoderem deste mundo as trevas,
Porque nesta vida já chega de dor.

Que estes céus negros
Se esvaiam em sangue
Nova chuva sempre abundante,
Gotas que tocam o chão num breve instante
De som e textura sombrios
Deixaram meus vasos sanguíneos vazios.

Medo angustiante.


Sensação agoniante,
Angústia penetrante,
Inconfunível susto.
Pensamentos, suposições de nível nefasto bruto.

Preocupação desmedida,
Felicidade perdida.
Frenetismo permanente.
Mente em estado doente.

Breves flashes negativos
Me invadem a mente.
Medos furtivos
De que algo te possa ter acontecido
Medo enlouquentemente
Sufocante,
As minhas ideias divagam no pior sentido.

Por fim,
Felizmente nada aconteceu
A sensação afasta-se de mim.
Notícias tuas.
Ainda bem que não sentiste o medo que me absorveu
Ainda bem que nada se perdeu.
Espero nunca mais sentir...

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Noite na praia.



Passeios nocturnos na praia,
Caminhando pela areia
Rumo ao mar,
Abraçados até parar.
Deitados,
Por breves minutos a olhar as estrelas
Que brilhavam bem alto lá no céu.
Enrolados,
Num abraço carinhoso,
Segredei para mim mesma
Que do meu amor tu és o réu.
Perante o vento agitado,
Tentámos proteger-nos um ao outro
E de repente um sentimento forte,
Mútuo, um olhar e um beijo louco.
E o tempo acaba depressa para tudo,
O que é bom,
E apenas lentamente para o chegar da morte.
E ainda bem,
Agora que estás ao meu lado,
Quero mais brincadeiras na praia
Mais abraços,quero-te mais,
Quero ter-te bem perto
Neste novo dia que raia.

domingo, 3 de agosto de 2008

Desejos de ti.


Tenho desejos de ti,
Numa necessidade que não consigo explicar.
A vontade de que estivesses sempre aqui
É incessante e não pára de me afrontar.
Sonho acordada,
Viajo num possível futuro,
Inconscientemente faço planos,
Contigo a meu lado
Numa eterna jornada
Que desejo e realizo nos meus sonhos.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

És tu.


Se sou anjo,
Foste tu que provocaste o brotar das minhas asas.
Quando irradio luz,
Apenas reflicto aquela que tu emanas.
Se sou feliz,
És tu a causa disso.
Quando sorrio,
Faço-o porque é um dos efeitos que despertas em mim.
És o que de mais belo existe em mim,
Não posso ficar sem ti.
Se sou uma pessoa melhor,
És tu que me fazes ser assim.