domingo, 21 de dezembro de 2008

Sou nada.



A luz do Sol nasce,
Reparte-se,
Renasce,
Chega a mim e desfaz-se.

Sou nada, nem coisa nenhuma.
Ninguém.
Sou invisível.
Não há nada que me torne perceptível
A outrem.
Sou ser inferior,
Isolado,
Sofrendo o castigo maior:
Viver contrariado.

Vivo triste,
Desesperada.
Como era bom...
Sentir que era amada
Amar uma palavra sentida
Idealizar-me viva.
Esperar a luz do dia
Que o raiar do Sol me atingisse
E eu por fim me colorisse e existisse.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Condenados.



Homens sem sorrisos,
Condenados à morte
Indivíduos tristes e perturbados
Não será sorte?
Que tenham dado seus dias por terminados?

E aqui vai e segue a marcha
Dos que, sem vida nem opção,
Caminham então
Para a cova prometida,
Que acaba na hora
Em que a morte os prende
E as suas angústias suspende.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Vazia.



Sinto-me vazia.
Sozinha no meu próprio vago,
Falta-me a alegria,
E a tua doce companhia.
Apática, sem reacção,
Não tenho por que me mexer,
Congelo o coração
Continuo a sofrer.

Perdi meu amor,
Perdi tudo então.
Não passo de cadáver semi-vivo
Ansiando a queda fatal.

Espero por ti.



Sinto-te como se fosses real,
Mas tu já partiste.
Minha alma despedaçada
E com buracos, sente o teu vazio.
Por isso persiste,
Resistindo aqui ao teu lado
Sempre à espera que tu voltes,
à espera do teu toque,
Da tua voz doce;
Dos momentos apenas planeados,
Inconcebidos pela tua partida precoce
E inesperada.
Tantos planos, tanto amor.
Tanta dor.

Espero por ti, como sempre fiz.
Aqui permaneço para te proteger
Até ao momento em que me juntarei a ti.
Já definhando,
Sofro, mas permaneço aqui por ti.
Por mim, por nós.

Na poesia que aqui existe.



Sob a luz do candeeiro,
Poiso uma folha sobre a secretária,
Tiro um tempo para mim.
Reflicto e medito.
E descubro-me assim:
Sombra de um vulto
Que outrora viveu,
Corpo ferido,
Pensamento cessante de quem já morreu.
Alma esquecida
Por quem amou quando era viva
E que por obra do tempo
Me deixou aqui sozinha.
E eis aqui que em breves momentos
Neste tempo em que me sento
Relembro o que sou, triste,
Registando na poesia que aqui existe.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

E então?!



Escondo-me, sento-me e choro.
Projectadas nas minhas lágrimas
Passam-me imagens que me entristecem.
As minhas mãos minha angústia reflectem,
Enraivecidas cravam-se as unhas das mãos
Na mão oposta, uma de cada vez.
Rosto, pescoço,
enfim.

E o sentimento persiste.
Manifesto em vão.
Detesto-me. Odeio-me.
E então?!


Irregular.



Irregular.
Sim sou eu!
Num mesmo instante,
Sou eu de costas voltadas ao mundo.
Sou eu aberta para um sorriso e um abraço
Profundo...
Por vezes superficial.
Troco-me num segundo.
Sou e não sou.
Faço e não faço.
Sou os dois lados de um olhar
Um ser inconformado
Que não interessa incomodar.
Irregular
Sem forma,
Nem capacidade de me enquadrar
Neste ser imundo que sou.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Velhice.



Vencidos pela velhice
Arrastando-se a passos curtos,
Num compasso de uma bengala
Um sonho de poder de novo ser activo.
Uma alma quente
Num corpo frio.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Luz?Escuridão?

Passeio entre dois mundos
Vejo, observo e contemplo.
Penso.
Não encontro diferenças.
Luz?Escuridão?
Sombras ? Tristeza?
Sim! Agora percebo as diferenças.
Na luz as sombras são maiores,
Os medos são mais.
E as tristezas são devidas ás atitudes patéticas.
Invisíveis aos olhos
De quem da luz usufrui e bem diz.

Na escuridão,
Os dias são eterna noite
E só os relógios marcam o passar do tempo.
Tudo é simples e sincero.
Frio, por vezes cruel.
Pela vontade de ser fiel
E ver com olhos límpidos
Verdades despidas de enfeites
E quaisquer rodeios.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Mistério toledo.

Arrasto-me por entre estas sombras
Negras, frias, malditas.
Irradiando o desespero
Destroem esperanças, provocam o meu medo.

Tremo por dentro,
Preciso de saber
Esse eterno segredo,
Mistério toledo
Que é diferenciar o mal do bem.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Tudo desvanece.



Sigo pelo meio da floresta.
À minha passagem tudo desvanece,
Tudo perde o brilho, tudo escurece;
E apenas a bruma me resta.
Sou um ser deprimente e deprimido,
Um ser que nasceu arrependido
De se erguer e ter de viver
Assombrado por mágoas de acontecimentos antigos,
Por pensamentos brutos, violentos e mórbidos
Arrastando-me até um dia morrer
Possuída pelo escárnio e pelo ódio.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Escuridão.



Foge,
A escuridão envolve-me...
A mim, ao meu coração.
Como um invólucro à minha volta
No qual permaneço
E me mantenho conservada.
A escuridão é fria, congela-me.
É tudo lento e pesado.
Até o ritmo a que consumo esta vida maldita
Neste meu passo,
Em que pouco a pouco me arrasto.
É este o ritmo a que definho
E sofro neste sufoco,
Nesta angústia de viver
Sem conhecer o verdadeiro sentido da vida.
Alivia-me ter a escuridão
Embrenhada em mim
Numa imensidão
Que se revela sem fim.
E por me tornar nesta sombra oculta,
Mas que não é imune ao alheio.
Neste mundo em que o receio
De me tornar igual a tantos outros
E perder a minha própria sina,
O meu próprio céu estrelado e com luar.

sábado, 18 de outubro de 2008

Sentindo tudo.



A vergonha de viver arrastando-me,
Sentindo e chorando
Proibindo o desabrochar da vida,
E no entanto é por vivê-la ao pormenor
Pensando a cada instante,
Captando mil uma impressões ao mesmo tempo.
Sentindo tudo.


Porque não sou capaz,
Captar sensações felizes
Não me satisfaz
E quero dirijir-me
De sorriso cínico e constante
De estar sempre contente
Ignorando o que sou e o que emano,
não quero submeter-me ao engano.

Se alguma vez desapareceres.



Se alguma vez desapareceres da minha vida,
Sentirei uma eterna perda.
Uma vida outrora vivida
Jogada ao mar,
No fundo esquecida.
Fechada num cofre a mil chaves
Permanecendo sempre tua
Minha alma entristecida
Esperaria pela chegada da tua.
Por sentir de novo o teu toque por perto.
Sentindo que me vieste buscar,
Para sentir teu corpo no meu;
E para que nunca mais me afunde
E deixe de ver a luz que tu me mostraste
No meio desta nossa escuridão,
Que faz parte de nós, me guiaste
E que dá cor a esta nossa cumplicidade
A esta mútua necessidade
Que sentimos um do outro.

Uma espera custosa.



Com o sol a desaparecer,
Apercebo-me de que mais um dia passou.
Mais um dia em que não consegui perceber
Porque realmente aqui estou.

Uma existência sem propósito.
Um passado sem sentido.
Uma ânsia dolorosa
Uma espera custosa.

Cada dia que passa,
Mais frustração me arrasa.
Mais um dia no esquecimento
Em que abandonada
Vaguiei ao relento
Como se já não vivesse
Sem ter morrido, realmente.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Sem sinais de pessoa.



Sinto-me vazia,
Consolada pela minha solidão
Isolo-me na minha faceta sombria,
Deito-me sobre a pedra fria
E congelo meu coração.

Deleito-me entre o pó e cheiro a mofo.
No meu vácuo o silêncio ressoa.
Sou alma morta em corpo oco,
Sem restos nem sinais de pessoa.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Auto-julgamentos.



Embrenho-me em pensamentos
E sinto o cheiro à censura
Palavras e acontecimentos,
Que dirijo a mim em maus momentos
E que me levam à tortura.

Julgamentos de conclusão severa,
Tarefas em eterna lista de espera
Raiva, desprezo que sinto por mim,
Desapreço que outros me dão enfim.

sábado, 13 de setembro de 2008

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Caída num abismo.



Apetece-me cair num abismo
Sinto-me mesmo a cair num,
Vejo este triste destino
Incapaz de me levar a lugar algum.

Quero chegar bem lá ao fundo
E ter razões para me lamentar.
Preciso de um lugar à parte do mundo
Para a minha alma poder gritar.

A sensação de queda e afundamento já passou.
O sofrimento tanta dor me causou.
Num canto bem escuro quero derramar
Mais lágrimas e muito sangue para me castigar.

No fundo do meu abismo encontrei a minha paz,
Nos banhos sangrentos rejuvenesço.
Mais forte e mais ciente da desgraça regresso.
Angústia que o meu conhecimento me traz
Por não poder voltar atrás.

Por detrás deste corpo morto.



Por detrás deste corpo morto
Escondo os problemas que me assombram a alma
Pensamentos que me corroem por dentro
Momentos em que perco toda a minha sanidade e calma.

O meu espírito torna-se revoltoso
O corpo, por instantes, parece de novo vivo;
Olhar tenebroso,
Coração pelo ódio preenchido.

E sinto-me impotente
E atulhada de sentimentos traidores.
Perdida nos meus horrores
Aguardo o meu descanso impacientemente.

domingo, 7 de setembro de 2008

Fui sempre eu, afinal.



Numa angústia agoniante,
Vivo um momento desconfortante
Do meu interior
Vem um sentimento de dor
Jorra uma lágrima
Que serpenteando desce,
A minha lágrima mais íntima
Toca no meu peito e arrefece,
Torna-se pesada e gélida.

Minha alma revela sentimentos,
Pequenas sequelas de muitos ferimentos
Pequenas cicatrizes;
Marcas deixadas pela mão do sofrimento
Como directrizes
Que me encaminham ao poderoso e destrutivo pensamento.
Ambiente negro de morbidez
Impiedade e rigidez,
Silêncio inocente.
Pára o tempo nesse instante
E quando dou por mim, sou eu outra vez.

Fui sempre eu, afinal.

Príncipios obsoletos caducados.



Pelo conhecimento saturado
Deste mundo...
Enjoo o seu tédio,
Repugno a sua linha de pensamento,
A sua conformação pelo momento
Sem a procura da essência vital.
Algo que, para variar,
Tenha um significado racional e indubitável;
Algo que impeça este mundo de se guiar
Por princípios obsoletos caducados
Histórias anciãs em livros registadas
Relatando uma realidade dúbia
Levando por arrasto pessoas de inconformidade penúria.

sábado, 30 de agosto de 2008

Os mortos enterram os seus mortos.


Ditos vivos, pobres de espírito,
Acanhados de alma
Num Presente maldito.
Julgados mortos, no seu sossegado jazigo
Num escuro vazio
Secreto, longínquo e impenetrável abrigo.

'Vivos' sofrem,
Mortos padecem
Onde reside a diferença
Entre a ilusória vivência
E a passada existência?

'Vidas' que escurecem
Pessoas que terminam seu prazo,
Cadáveres que apodrecem
E numa ironia erudita
Os mortos enterram os seus mortos.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

A minha sentença.



Todo o carinho e mimo,
Toda a atenção que dei,
Parece agora em vão,
Neste lugar em que a escuridão é lei
E o sofrimento,
É nossa única companhia para a solidão.
Sinto-me de rastos
E congelada pelo ódio,
Dona de tantos nojos,
Ou não fosse eu o primeiro lugar do pódio
Da categoria das atrocidades.
Sou besta,
Sou conjunto de monstruosidades,
Condenada a viver presa,
E a cumprir esta minha sentença
Sob acusação de causa nobre
Que foi ter tentado ser
O que de bom nunca nunca tive e fui.
Nunca ter passado de cadáver podre
Iludido na luz de viver.
E ainda assim vivo,
Para acatar a minha sentença
Que é ver lentamente a passagem dos dias
Á espera do meu desejo mais profundo
Esse acto belo que é morrer.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Algo me falta.



Algo me falta,
Sinto saudades daquele aroma,
Daquela relação diferente,
Dos espinhos presentes
Cravados no passado.
Recordo aquele jeito quente,
Os olhares brilhantes,
Teu toque suavizado
Os gestos inocentes.
A tua omnipresência,
Plantada na minha mente
A tua essência
Tão especial e reluzente.
Desejo que volte,
Que renasça de novo,
De novo por inteiro me complete
Com tudo o que antes sentia cá dentro.

Choro os meus medos.



Sentada
Com a cabeça apoiada sobre os joelhos,
Choro os meus medos,
Guardo os meus segredos.
Meus desejos permanecem em oculto,
Prefiro não sonhar
Porque nunca me dispo deste meu luto,
Do que acordar para novamente me despenhar.
Estou destinada a vaguear
Obscurecida por estas sombras
Que me corroem e destroem,
Por estas ideias que me moem
Que me avivam meus fantasmas.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Olhares vazios.



Olhares vazios
Corroídos pelas sombras do Passado,
Olhos sombrios,
Reflectem o pensamento assombrado.

Experiências vividas,
Muitos erros cometidos
Lições aprendidas,
Corações magoados.

A minha alma fugiu
Libertou-se deste ser amargurado
Deixou este espaço vago,
Este ser que ao sentir, nunca sentiu,
Nunca se deu por realizado.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

O erguer dos mortos.



Ergam-se os corpos,
Rebentem-se as madeiras,
Perfurem-se as terras,
Levantem-se os mortos.

Que comecem novas eras,
Que os céus fiquem sem cor,
Que se apoderem deste mundo as trevas,
Porque nesta vida já chega de dor.

Que estes céus negros
Se esvaiam em sangue
Nova chuva sempre abundante,
Gotas que tocam o chão num breve instante
De som e textura sombrios
Deixaram meus vasos sanguíneos vazios.

Medo angustiante.


Sensação agoniante,
Angústia penetrante,
Inconfunível susto.
Pensamentos, suposições de nível nefasto bruto.

Preocupação desmedida,
Felicidade perdida.
Frenetismo permanente.
Mente em estado doente.

Breves flashes negativos
Me invadem a mente.
Medos furtivos
De que algo te possa ter acontecido
Medo enlouquentemente
Sufocante,
As minhas ideias divagam no pior sentido.

Por fim,
Felizmente nada aconteceu
A sensação afasta-se de mim.
Notícias tuas.
Ainda bem que não sentiste o medo que me absorveu
Ainda bem que nada se perdeu.
Espero nunca mais sentir...

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Noite na praia.



Passeios nocturnos na praia,
Caminhando pela areia
Rumo ao mar,
Abraçados até parar.
Deitados,
Por breves minutos a olhar as estrelas
Que brilhavam bem alto lá no céu.
Enrolados,
Num abraço carinhoso,
Segredei para mim mesma
Que do meu amor tu és o réu.
Perante o vento agitado,
Tentámos proteger-nos um ao outro
E de repente um sentimento forte,
Mútuo, um olhar e um beijo louco.
E o tempo acaba depressa para tudo,
O que é bom,
E apenas lentamente para o chegar da morte.
E ainda bem,
Agora que estás ao meu lado,
Quero mais brincadeiras na praia
Mais abraços,quero-te mais,
Quero ter-te bem perto
Neste novo dia que raia.

domingo, 3 de agosto de 2008

Desejos de ti.


Tenho desejos de ti,
Numa necessidade que não consigo explicar.
A vontade de que estivesses sempre aqui
É incessante e não pára de me afrontar.
Sonho acordada,
Viajo num possível futuro,
Inconscientemente faço planos,
Contigo a meu lado
Numa eterna jornada
Que desejo e realizo nos meus sonhos.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

És tu.


Se sou anjo,
Foste tu que provocaste o brotar das minhas asas.
Quando irradio luz,
Apenas reflicto aquela que tu emanas.
Se sou feliz,
És tu a causa disso.
Quando sorrio,
Faço-o porque é um dos efeitos que despertas em mim.
És o que de mais belo existe em mim,
Não posso ficar sem ti.
Se sou uma pessoa melhor,
És tu que me fazes ser assim.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Memórias.



Passeando pela casa,
Olhando para tudo de relance
De expressão vaga
Mas atenção observante,
Olhar opaco,
Suspiro profundo.
Cada espaço,
Cada canto,
Recorda uma memória.
Escorre uma lágrima,
Lembrada a história,
Que me deixa deprimida.
Mas acima dessas recordações cruéis
Desses tempos horrivéis,
Por que passei,
Está a revolta,
E o receio,
De que um dia me arrependa
De ser tarde e não ter feito.
E assusta-me, porque o tempo não volta
E o passado não tem emenda.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Desilusão.



No meio desta amargura,
Porque me aperta o coração?
Pouco a pouco desfaz-se que nem pó.
Porque não me sinto segura?
Porque se sustém a minha respiração?
Tenho medo de ficar só.
Não temo o facto de ficar desacompanhada
Mas o facto de ficar sem ti.
A tristeza afronta-me fortemente.
A raiva congela-me rapidamente.
As dúvidas assolam-me a razão.
Magoada, pergunto-me insistentemente,
Se gostarás de mim de verdade, o suficiente
Para comigo superar esta, reversível, desilusão.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Último abraço.



Vejo-te ao longe,
Encaminho-me na tua direcção
E durante a minha deslocação,
O meu coração teve uma pausa súbita
Um momento ausente
E a minha mente só pensa:
Como és lindo!

Um tempo limitado,
Para retomar o que foi separado,
Saudades mortas,
Temporariamente - exaltas.

O tempo não se demorou em passar,
Quero ficar neste bem-estar,
Contigo a meu lado
No teu aconchegante envolver,
No teu olhar acastanhado,
Tão lindo e tão profundo
No qual me consigo esconder e esquecer
Dos infortúnios deste mundo.

E nos últimos minutos,
Um abraço carinhoso,
Um virar de costas, dois passos,
Uma meia volta para, de novo, teus braços
Só quero um ultimo abraço,
De novo sentir teu peito,
Levar comigo teu cheiro,
Neste temporário adeus em que me afasto.
Comigo, as saudades que já sinto e a dor que arrasto.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Como flor que murcha.



Como flor que murcha
Que cai pouco a pouco,
Em condições agrestes
E tempos de pestes
Assim também eu me sinto.
Uma flor murcha,
Que morre aos pedaços,
Cortados os laços
Com aquilo que me mantinha viva.
Agora apenas sou restos,
Sou a semente que ficou,
Aquilo que o chão guardou,
Para que quando chegar a altura
Em que terminem os tempos nefastos,
Eu me erga mais bela, mais pura
E reabra mais escura.

Ecos.



Sinto-me vazia,
Esquecida e isolada.
O meu interior é oco
Minha respiração é fria,
Mal oiço a minha batida cardíaca.
Em mim ressoam sem fim,
Mil ecos perdidos em mim.
Ecos do passado,
De tristeza e enfado.
Ecos de sofrimento,
Ecos do momento,
Ecos de ti.
Tudo que ainda não esqueci
E que ainda habita por mim,
Algures no meio das entranhas
Que houveram, já as não há...
Já nada sobra do meu eu,
A não ser um eco do que se perdeu
E do que agora não está cá.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Levanto voo no meu pensamento.



De vez em quando acordo
E concentro-me no nada,
Levanto voo no meu pensamento,
Sigo o rumo do vento
Sou livre e a minha mente é solta.
Não devo nada a ninguém
E sou louca
Sou mal sou bem,
Sou triste sou alegre,
Sou alguém que nada teme
Sinto-me livre, que ninguém negue.

'Auto-Desgosto.'



Uma vontade se apodera
do meu corpo
no sentido ascendente corre
chega aos meus olhos e pára.
Uma lágrima escorre,
Toda a minha mágoa se desterra,
É a minha infelicidade
Que vertem os meus olhos
E que desce pela minha face.
De seguida a raiva me invade
Toda eu me peço que me isole, me afaste,
Todo o meu corpo exige que me maltrate
E só depois do alívio de tudo isso.
Depois das marcas deixadas
Sinto uma breve leveza
De mim mesma.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Reacção ao Longe.



Preciso de te devolver um abraço,
De sentir a tua presença ao pé da minha
De pousar minha cabeça no teu regaço
E receber uma e mais uma festinha.
É uma necessidade que tenho
Olhar nos teus olhos castanhos
Pairar no seu profundo
E deliciar-me nos seus encantos.
Careço agora, da mistura de essências,
Dos nossos aromas,
Dos ruídos que pedem atenção
Aos quais sou incapaz de dizer que não.
A sensação suave
De tocar nos teus lábios,
Um beijar tão doce
Que me deixa cheia de pensamentos vazios.
Contigo a meu lado
A noite tem outro sabor,
Não há nada tão bom e tão desejado
Que dormir, acordar e ver-te, meu amor.
E, tal como tu, hoje,
Apesar de longe
Ainda te sinto aqui,
Ainda sinto o teu toque,
Como se estivesses perto de mim.
Perto, mas longe.

domingo, 20 de julho de 2008

Inocência preenchida pelo mórbido.



Atrai-me o sangue a esvair-se de veias
minhas ou alheias,
Amontoados de corpos, cadáveres
Restos semi-vivos cobertos de sangue
O sabor do que é interior.
O aroma das entranhas no exterior.
Quero o chão coberto de um manto vermelho
Líquido, coagulado,
Canastros dilacerados a deteriorar
Carne coberta de vermes.
Alegra-me rir daquilo que tu temes
Apraz-me olhar para a dor que tu gritas
E ver tudo quanto agitas,
As pessoas aflitas
Cobardes e submissas,
Vendidas e enganadas
Por ideias que foram cravadas
Pobres coitadas inanimadas.
Eu desejo toda a inocência preenchida pelo que é mórbido,
Mas poupem-me de todo o pormenor sórdido
Que este mundo erróneo me repugna
Só suplico que a morte me acuda.

sábado, 19 de julho de 2008

O único erro que realmente cometi.



Uma analepse
À um tempo me foi contada
E nesse mesmo tempo se repete
De forma alterada.

Um aviso antecedente
No qual não acreditei
Uma mentira que a mim mesma impuz,
Um véu com o qual me ceguei
Um erro que cometi ao aproximar-me da luz,
Pois a perfeição reluzente
Que na escuridão descobri,
A razão mais forte pela qual sorrio
E também, a mesma, pela qual sofro
O único erro que realmente cometi
Foi não ter te conhecido mais cedo
Uma das pessoas com mais valor no mundo.

Distância.



Esta distância que,
Temporariamente,
Me separa de ti,
Faz me querer morrer
Para que assim acabe,
O sofrimento e acabe tudo,
Para que termine esta saudade
Que dá cabo de mim
E para que não haja mais no futuro.
Mas descobri que ainda é mais duro,
Não te ter permanentemente,
Do que não te ver por tempo indefinido.
Assim sendo com o coração dilacerado
Por esperar o teu regresso,
Choro e ás minhas lágrimas confesso
O que por ti sinto.

Saudades de ti.



Não suporto este impasse
Esta noção que é crescente
Da tua ausência que me é tão eminente,
Que eu espero que passe
E acabe rapidamente.

Sinto falta do teu olhar profundo
Do teu jeito inconfundível,
De me envolver no nosso mundo
E esquecer o que é desprezível.

A vontade de te abraçar
É agora mais forte, mais intensa
Pois a minha mente relembra
E sente-se propensa
A sentir o teu toque,
Mesmo que esse não aconteça
Sofro à mercê da saudade
Que me está a atacar,
E não sei como fazer para parar.

A nostalgia persegue-me
O desânimo invade-me
Não aguento este desespêro
De não saber por quanto tempo
Estarei eu sem te ver,
Mas por pouco tempo que seja
Já à muito se fez sentir
Esta dor que não aleija,
Mas que meu coração pena
Para que não continue a ferir.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Meio perdida.



Será que sentes?
Será que finges?
Ou será que mentes?
Será que é de mim
Será que sou assim tão ruim?

Pergunto-me o que pretendes
ou se te arrependes.
Vejo-me no meio de um turbilhão
e para onde quer que olhe só vejo confusão.

A vida pregou-me uma partida
Por eu ter esta triste sina.
De andar volta e meia perdida
E ser sempre, sempre tudo culpa minha.

Dúvida que persiste.



Quando me sinto completa,
A minha mente fica repleta
E o meu coração fica sorridente
Por tanto carinho que demonstras
E esse teu olhar tão diferente
Tão profundo, tão eloquente
E as engraçadas e queridas expressões que evocas.

Porém, uma dúvida contraditória
Surge e me arrebata
Quando estás longe,
E comunicas por caminhos descritos
Por ti pensados e escritos
E eu nos meus pensamentos inibidos
Enfrento uma dúvida oculta,
Que me inquieta e me perturba,
Enquanto batalho nesta eterna luta
Entre mim, as minhas dúvidas,
Tuas atitudes,
Meus receios, tuas inquietudes.
Eterno conflito entre o passado,
O presente e o futuro
Talvez,
Medo de reviver um erro antes cometido
De ser novamente magoado
E de ver um futuro próximo, mas amargurado.

Meio Sômbrio.



Estou a morrer
E mesmo neste momento
Me remoo por dentro,
Por não conseguiur esquecer
O que de mal consegui fazer.

Mal meu, maldita eu seja
Por magoar os outros como quem beija
Inocentemente e sem propósito maligno,
Com a crueldade de saber que aleija
E assim não conseguir contornar
A raiva que insiste em se libertar
Se não em mim,
Em outro lugar.

E o meio tornou-se sômbrio
Em meu redor, é frio,
Pequenas estrias de gelo
Que me queimam e rasgam
Aparecem em todo o meu corpo
Penetrando na carne
Deixando um pequeno encrave
Para estas pequenas lembranças
Que mais que tudo me matam
Fazendo-me perder todas e quaisquer esperanças.

A tua ausência.



Sinto a tua ausência,
A cada minuto que passa,
Sinto que algo me falta
Sinto-o tão incontrolavelmente
Que fico a cada momento
Sentindo a tua essência,
Ouvindo a tua voz,
Os sons dos teus pés em movimento.

Fico a dormir acordada
Como se estivesse num coma
Em que a única coisa que penso és tu.
Fico tão preocupada
Esperando a tua tão aguardada chegada,
Quase provoco um ematoma
No vidro da janela
Por olhar tão fixamente para ela
Para ver a tua sombra
Lá, ao fundo da rua
E saber que aí vens...

Tristeza? Não! Alívio!



Apetece-me fugir
E dar ênfase ao meu estado de loucura.
Quero sumir
E pôr no esquecimento a minha cura.

Quero me esconder
Já não aguento este nojo,
Esta raiva, este ódio que sinto
De mim mesma,
Consome-me a cada inspiração
E destrói-me um pouco mais a cada expiração.
Faz-me querer pensar que esta vez
Será a última vez que me vês.

Tristeza?
Não!
Alívio!
Alívio de não cegar teus olhos
De tanta podridão aos molhos
Que reside em mim
E se reflecte nos teus olhos espelhados.
Porque tem de ser assim?

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Perto e longe de mim.



Às escuras e a um canto
Escuto o grito alarmante
De um ser em sofrimento,
Em dor constante.

Ele chama por mim
Grita e grita por ajuda
Eu já tentei,
Mas não consegui pôr um fim.
Conheço a cura, não há quem acuda.
Não sei e bem o sei.

É um sentimento de tortura
Que me provoca angústia
De não ser nada
E ser assim,
É a tertúlia dos sentimentos odiosos
Que me transpõem para a antagonia
De ao mesmo tempo querer estar,
Tanto perto como longe de mim.

A cicatriz permaneceu.



Uma dor aparentemente fechada,
Obrigada pelo tempo a sarar,
Outrora ferida ensaguentada,
Agora parcialmente sarada.

Perco-me nos meus pensamentos,
Fico em hipnose com o meu sub-consciente,
E veêm-me as lágrimas aos olhos
E de novo aquela ideia doente.

Uma lágrima escorre pelo rosto
E acaba por cair sob a cicatriz.
Tento fugir ao desânimo
De pensar que um dia já fui feliz.

O corpo tratou,
O tempo fingiu que esqueceu
Muito mudou,
Mas a cicatriz permaneceu.

domingo, 13 de julho de 2008

Uma amizade despontada.



Uma amizade despontada,
Uma preocupação surgiu do nada
Nova sintonia descoberta,
Uma porta aberta.

Um desejo selado,
Uma promessa cumprida,
Um sentimento calado
Numa estranha medida.

Um toque breve,
Um abraço intenso.
Um olhar profundo
Depois um beijo suave.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Mosh.




Ao ritmo que as músicas o permitem
E enquanto vão sendo tocadas,
A multidão em êxtase agita-se
Ao mesmo tempo que as notas são escutadas.

Por entre a gente compactada
Abre-se a roda anseada,
Como um ritual que se repete,
Num compasso bruto,
Entram e saiem,
Correm e esmurram,
Batem e levam
Naquele círculo duro.

Uma sensação de prazer
Um cansaço sem fim
Uma corrida por gosto,
Um empurrão, um murro,
Um pontapé, uma cabeçada,
Doce violência libertada.

Para todos nós que somos do mesmo,
Porque sem moshes a vida não tem o mesmo gozo...
Que hajam mais concertos como estes
Cada vez mais metaleiros a se erguer
Para que quem não sabe, passe a saber,
Somos do metal até morrer!

terça-feira, 8 de julho de 2008

A véspera.



Mais uma véspera é chegada
E já sinto a minha alma preenchida pela ânsia,
Toda ela vibra animada,
Pela breve libertação de energia em abundância.

Pelas minhas veias corre a febre,
O desejo dos impactos brutos,
Dos sons que o conjunto dos instrumentos exerce
O poder do ambiente vivido entre os inúmeros envolvidos vultos.

É a mesma paixão que nos une,
A garra e alento que nos move,
Esta situação á qual não fico imune
O prazer que é participar num mosh!

domingo, 6 de julho de 2008

Hipocrisia. Cobardia.



Satanás, Diabo, Belzebu..
Ganham vida para serem culpados.
Aos males do mundo estão aprisionados
Por cicatrizes de um passado e presente nú e crú.

Pobres amarguradas mentes humanas,
Pobre criatura tu que emanas
Tanto da mais ridícula hipocrisia,
Como da mais triste cobardia.

Amaldiçoados medos da morte,
Execrados pensamentos absurdos,
Vós condenados de um cinismo forte
Mereceis um sofrimento profundo.
Por vos esconderdes dos vossos actos cometidos
Atrás de nomes de origem obscura,
E não é por isso que se depõe a culpa,
pois vossa mente é impura,
sois vós mesmos a causa do descalabro do mundo.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Mistura explosiva.



Tu e eu,
Os dois sozinhos num espaço,
A música a tocar
e envolvemo-nos num abraço.

Olhei para ti,
Os teus olhos brilhavam,
Teu rosto revelava uma expressão engraçada,
Como se a felicidade te tivesse de repente abordado.
Estavas perto de mim, eu senti,
Sintonizei os acordes de metal que ali soavam,
E senti-me acariciada,
Mistura explosiva quando a sintonia se havia completado.

A sitonia do estilo,
Das cores,da música,
A sintonia da nossa sintonia.
Coisas de que me apercebi
Enquanto nossos beijos avançavam.

Quando de novo dei por mim,
Tudo tinha um toque de rebeldia,
Tinha gosto a loucura e era ardente,
Que até no mais escuro lugar
O nosso envolvimento reluzia
Loucura?! Também.
Mas, sem dúvida e sobretudo, cumplicidade.