quinta-feira, 31 de julho de 2008

Memórias.



Passeando pela casa,
Olhando para tudo de relance
De expressão vaga
Mas atenção observante,
Olhar opaco,
Suspiro profundo.
Cada espaço,
Cada canto,
Recorda uma memória.
Escorre uma lágrima,
Lembrada a história,
Que me deixa deprimida.
Mas acima dessas recordações cruéis
Desses tempos horrivéis,
Por que passei,
Está a revolta,
E o receio,
De que um dia me arrependa
De ser tarde e não ter feito.
E assusta-me, porque o tempo não volta
E o passado não tem emenda.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Desilusão.



No meio desta amargura,
Porque me aperta o coração?
Pouco a pouco desfaz-se que nem pó.
Porque não me sinto segura?
Porque se sustém a minha respiração?
Tenho medo de ficar só.
Não temo o facto de ficar desacompanhada
Mas o facto de ficar sem ti.
A tristeza afronta-me fortemente.
A raiva congela-me rapidamente.
As dúvidas assolam-me a razão.
Magoada, pergunto-me insistentemente,
Se gostarás de mim de verdade, o suficiente
Para comigo superar esta, reversível, desilusão.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Último abraço.



Vejo-te ao longe,
Encaminho-me na tua direcção
E durante a minha deslocação,
O meu coração teve uma pausa súbita
Um momento ausente
E a minha mente só pensa:
Como és lindo!

Um tempo limitado,
Para retomar o que foi separado,
Saudades mortas,
Temporariamente - exaltas.

O tempo não se demorou em passar,
Quero ficar neste bem-estar,
Contigo a meu lado
No teu aconchegante envolver,
No teu olhar acastanhado,
Tão lindo e tão profundo
No qual me consigo esconder e esquecer
Dos infortúnios deste mundo.

E nos últimos minutos,
Um abraço carinhoso,
Um virar de costas, dois passos,
Uma meia volta para, de novo, teus braços
Só quero um ultimo abraço,
De novo sentir teu peito,
Levar comigo teu cheiro,
Neste temporário adeus em que me afasto.
Comigo, as saudades que já sinto e a dor que arrasto.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Como flor que murcha.



Como flor que murcha
Que cai pouco a pouco,
Em condições agrestes
E tempos de pestes
Assim também eu me sinto.
Uma flor murcha,
Que morre aos pedaços,
Cortados os laços
Com aquilo que me mantinha viva.
Agora apenas sou restos,
Sou a semente que ficou,
Aquilo que o chão guardou,
Para que quando chegar a altura
Em que terminem os tempos nefastos,
Eu me erga mais bela, mais pura
E reabra mais escura.

Ecos.



Sinto-me vazia,
Esquecida e isolada.
O meu interior é oco
Minha respiração é fria,
Mal oiço a minha batida cardíaca.
Em mim ressoam sem fim,
Mil ecos perdidos em mim.
Ecos do passado,
De tristeza e enfado.
Ecos de sofrimento,
Ecos do momento,
Ecos de ti.
Tudo que ainda não esqueci
E que ainda habita por mim,
Algures no meio das entranhas
Que houveram, já as não há...
Já nada sobra do meu eu,
A não ser um eco do que se perdeu
E do que agora não está cá.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Levanto voo no meu pensamento.



De vez em quando acordo
E concentro-me no nada,
Levanto voo no meu pensamento,
Sigo o rumo do vento
Sou livre e a minha mente é solta.
Não devo nada a ninguém
E sou louca
Sou mal sou bem,
Sou triste sou alegre,
Sou alguém que nada teme
Sinto-me livre, que ninguém negue.

'Auto-Desgosto.'



Uma vontade se apodera
do meu corpo
no sentido ascendente corre
chega aos meus olhos e pára.
Uma lágrima escorre,
Toda a minha mágoa se desterra,
É a minha infelicidade
Que vertem os meus olhos
E que desce pela minha face.
De seguida a raiva me invade
Toda eu me peço que me isole, me afaste,
Todo o meu corpo exige que me maltrate
E só depois do alívio de tudo isso.
Depois das marcas deixadas
Sinto uma breve leveza
De mim mesma.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Reacção ao Longe.



Preciso de te devolver um abraço,
De sentir a tua presença ao pé da minha
De pousar minha cabeça no teu regaço
E receber uma e mais uma festinha.
É uma necessidade que tenho
Olhar nos teus olhos castanhos
Pairar no seu profundo
E deliciar-me nos seus encantos.
Careço agora, da mistura de essências,
Dos nossos aromas,
Dos ruídos que pedem atenção
Aos quais sou incapaz de dizer que não.
A sensação suave
De tocar nos teus lábios,
Um beijar tão doce
Que me deixa cheia de pensamentos vazios.
Contigo a meu lado
A noite tem outro sabor,
Não há nada tão bom e tão desejado
Que dormir, acordar e ver-te, meu amor.
E, tal como tu, hoje,
Apesar de longe
Ainda te sinto aqui,
Ainda sinto o teu toque,
Como se estivesses perto de mim.
Perto, mas longe.

domingo, 20 de julho de 2008

Inocência preenchida pelo mórbido.



Atrai-me o sangue a esvair-se de veias
minhas ou alheias,
Amontoados de corpos, cadáveres
Restos semi-vivos cobertos de sangue
O sabor do que é interior.
O aroma das entranhas no exterior.
Quero o chão coberto de um manto vermelho
Líquido, coagulado,
Canastros dilacerados a deteriorar
Carne coberta de vermes.
Alegra-me rir daquilo que tu temes
Apraz-me olhar para a dor que tu gritas
E ver tudo quanto agitas,
As pessoas aflitas
Cobardes e submissas,
Vendidas e enganadas
Por ideias que foram cravadas
Pobres coitadas inanimadas.
Eu desejo toda a inocência preenchida pelo que é mórbido,
Mas poupem-me de todo o pormenor sórdido
Que este mundo erróneo me repugna
Só suplico que a morte me acuda.

sábado, 19 de julho de 2008

O único erro que realmente cometi.



Uma analepse
À um tempo me foi contada
E nesse mesmo tempo se repete
De forma alterada.

Um aviso antecedente
No qual não acreditei
Uma mentira que a mim mesma impuz,
Um véu com o qual me ceguei
Um erro que cometi ao aproximar-me da luz,
Pois a perfeição reluzente
Que na escuridão descobri,
A razão mais forte pela qual sorrio
E também, a mesma, pela qual sofro
O único erro que realmente cometi
Foi não ter te conhecido mais cedo
Uma das pessoas com mais valor no mundo.

Distância.



Esta distância que,
Temporariamente,
Me separa de ti,
Faz me querer morrer
Para que assim acabe,
O sofrimento e acabe tudo,
Para que termine esta saudade
Que dá cabo de mim
E para que não haja mais no futuro.
Mas descobri que ainda é mais duro,
Não te ter permanentemente,
Do que não te ver por tempo indefinido.
Assim sendo com o coração dilacerado
Por esperar o teu regresso,
Choro e ás minhas lágrimas confesso
O que por ti sinto.

Saudades de ti.



Não suporto este impasse
Esta noção que é crescente
Da tua ausência que me é tão eminente,
Que eu espero que passe
E acabe rapidamente.

Sinto falta do teu olhar profundo
Do teu jeito inconfundível,
De me envolver no nosso mundo
E esquecer o que é desprezível.

A vontade de te abraçar
É agora mais forte, mais intensa
Pois a minha mente relembra
E sente-se propensa
A sentir o teu toque,
Mesmo que esse não aconteça
Sofro à mercê da saudade
Que me está a atacar,
E não sei como fazer para parar.

A nostalgia persegue-me
O desânimo invade-me
Não aguento este desespêro
De não saber por quanto tempo
Estarei eu sem te ver,
Mas por pouco tempo que seja
Já à muito se fez sentir
Esta dor que não aleija,
Mas que meu coração pena
Para que não continue a ferir.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Meio perdida.



Será que sentes?
Será que finges?
Ou será que mentes?
Será que é de mim
Será que sou assim tão ruim?

Pergunto-me o que pretendes
ou se te arrependes.
Vejo-me no meio de um turbilhão
e para onde quer que olhe só vejo confusão.

A vida pregou-me uma partida
Por eu ter esta triste sina.
De andar volta e meia perdida
E ser sempre, sempre tudo culpa minha.

Dúvida que persiste.



Quando me sinto completa,
A minha mente fica repleta
E o meu coração fica sorridente
Por tanto carinho que demonstras
E esse teu olhar tão diferente
Tão profundo, tão eloquente
E as engraçadas e queridas expressões que evocas.

Porém, uma dúvida contraditória
Surge e me arrebata
Quando estás longe,
E comunicas por caminhos descritos
Por ti pensados e escritos
E eu nos meus pensamentos inibidos
Enfrento uma dúvida oculta,
Que me inquieta e me perturba,
Enquanto batalho nesta eterna luta
Entre mim, as minhas dúvidas,
Tuas atitudes,
Meus receios, tuas inquietudes.
Eterno conflito entre o passado,
O presente e o futuro
Talvez,
Medo de reviver um erro antes cometido
De ser novamente magoado
E de ver um futuro próximo, mas amargurado.

Meio Sômbrio.



Estou a morrer
E mesmo neste momento
Me remoo por dentro,
Por não conseguiur esquecer
O que de mal consegui fazer.

Mal meu, maldita eu seja
Por magoar os outros como quem beija
Inocentemente e sem propósito maligno,
Com a crueldade de saber que aleija
E assim não conseguir contornar
A raiva que insiste em se libertar
Se não em mim,
Em outro lugar.

E o meio tornou-se sômbrio
Em meu redor, é frio,
Pequenas estrias de gelo
Que me queimam e rasgam
Aparecem em todo o meu corpo
Penetrando na carne
Deixando um pequeno encrave
Para estas pequenas lembranças
Que mais que tudo me matam
Fazendo-me perder todas e quaisquer esperanças.

A tua ausência.



Sinto a tua ausência,
A cada minuto que passa,
Sinto que algo me falta
Sinto-o tão incontrolavelmente
Que fico a cada momento
Sentindo a tua essência,
Ouvindo a tua voz,
Os sons dos teus pés em movimento.

Fico a dormir acordada
Como se estivesse num coma
Em que a única coisa que penso és tu.
Fico tão preocupada
Esperando a tua tão aguardada chegada,
Quase provoco um ematoma
No vidro da janela
Por olhar tão fixamente para ela
Para ver a tua sombra
Lá, ao fundo da rua
E saber que aí vens...

Tristeza? Não! Alívio!



Apetece-me fugir
E dar ênfase ao meu estado de loucura.
Quero sumir
E pôr no esquecimento a minha cura.

Quero me esconder
Já não aguento este nojo,
Esta raiva, este ódio que sinto
De mim mesma,
Consome-me a cada inspiração
E destrói-me um pouco mais a cada expiração.
Faz-me querer pensar que esta vez
Será a última vez que me vês.

Tristeza?
Não!
Alívio!
Alívio de não cegar teus olhos
De tanta podridão aos molhos
Que reside em mim
E se reflecte nos teus olhos espelhados.
Porque tem de ser assim?

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Perto e longe de mim.



Às escuras e a um canto
Escuto o grito alarmante
De um ser em sofrimento,
Em dor constante.

Ele chama por mim
Grita e grita por ajuda
Eu já tentei,
Mas não consegui pôr um fim.
Conheço a cura, não há quem acuda.
Não sei e bem o sei.

É um sentimento de tortura
Que me provoca angústia
De não ser nada
E ser assim,
É a tertúlia dos sentimentos odiosos
Que me transpõem para a antagonia
De ao mesmo tempo querer estar,
Tanto perto como longe de mim.

A cicatriz permaneceu.



Uma dor aparentemente fechada,
Obrigada pelo tempo a sarar,
Outrora ferida ensaguentada,
Agora parcialmente sarada.

Perco-me nos meus pensamentos,
Fico em hipnose com o meu sub-consciente,
E veêm-me as lágrimas aos olhos
E de novo aquela ideia doente.

Uma lágrima escorre pelo rosto
E acaba por cair sob a cicatriz.
Tento fugir ao desânimo
De pensar que um dia já fui feliz.

O corpo tratou,
O tempo fingiu que esqueceu
Muito mudou,
Mas a cicatriz permaneceu.

domingo, 13 de julho de 2008

Uma amizade despontada.



Uma amizade despontada,
Uma preocupação surgiu do nada
Nova sintonia descoberta,
Uma porta aberta.

Um desejo selado,
Uma promessa cumprida,
Um sentimento calado
Numa estranha medida.

Um toque breve,
Um abraço intenso.
Um olhar profundo
Depois um beijo suave.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Mosh.




Ao ritmo que as músicas o permitem
E enquanto vão sendo tocadas,
A multidão em êxtase agita-se
Ao mesmo tempo que as notas são escutadas.

Por entre a gente compactada
Abre-se a roda anseada,
Como um ritual que se repete,
Num compasso bruto,
Entram e saiem,
Correm e esmurram,
Batem e levam
Naquele círculo duro.

Uma sensação de prazer
Um cansaço sem fim
Uma corrida por gosto,
Um empurrão, um murro,
Um pontapé, uma cabeçada,
Doce violência libertada.

Para todos nós que somos do mesmo,
Porque sem moshes a vida não tem o mesmo gozo...
Que hajam mais concertos como estes
Cada vez mais metaleiros a se erguer
Para que quem não sabe, passe a saber,
Somos do metal até morrer!

terça-feira, 8 de julho de 2008

A véspera.



Mais uma véspera é chegada
E já sinto a minha alma preenchida pela ânsia,
Toda ela vibra animada,
Pela breve libertação de energia em abundância.

Pelas minhas veias corre a febre,
O desejo dos impactos brutos,
Dos sons que o conjunto dos instrumentos exerce
O poder do ambiente vivido entre os inúmeros envolvidos vultos.

É a mesma paixão que nos une,
A garra e alento que nos move,
Esta situação á qual não fico imune
O prazer que é participar num mosh!

domingo, 6 de julho de 2008

Hipocrisia. Cobardia.



Satanás, Diabo, Belzebu..
Ganham vida para serem culpados.
Aos males do mundo estão aprisionados
Por cicatrizes de um passado e presente nú e crú.

Pobres amarguradas mentes humanas,
Pobre criatura tu que emanas
Tanto da mais ridícula hipocrisia,
Como da mais triste cobardia.

Amaldiçoados medos da morte,
Execrados pensamentos absurdos,
Vós condenados de um cinismo forte
Mereceis um sofrimento profundo.
Por vos esconderdes dos vossos actos cometidos
Atrás de nomes de origem obscura,
E não é por isso que se depõe a culpa,
pois vossa mente é impura,
sois vós mesmos a causa do descalabro do mundo.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Mistura explosiva.



Tu e eu,
Os dois sozinhos num espaço,
A música a tocar
e envolvemo-nos num abraço.

Olhei para ti,
Os teus olhos brilhavam,
Teu rosto revelava uma expressão engraçada,
Como se a felicidade te tivesse de repente abordado.
Estavas perto de mim, eu senti,
Sintonizei os acordes de metal que ali soavam,
E senti-me acariciada,
Mistura explosiva quando a sintonia se havia completado.

A sitonia do estilo,
Das cores,da música,
A sintonia da nossa sintonia.
Coisas de que me apercebi
Enquanto nossos beijos avançavam.

Quando de novo dei por mim,
Tudo tinha um toque de rebeldia,
Tinha gosto a loucura e era ardente,
Que até no mais escuro lugar
O nosso envolvimento reluzia
Loucura?! Também.
Mas, sem dúvida e sobretudo, cumplicidade.